domingo, 23 de janeiro de 2022

Cuidar e Cuidado Nunca é Demais

 

Cuidar e Cuidado Nunca é Demais

 


O que é empatia?

No dicionário, uma das definições diz que ela é a capacidade de se identificar com outra pessoa, de sentir o que ela sente e de querer o que ela quer. Em resumo, poderíamos dizer que ter empatia é se colocar no lugar do outro.... https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/12/07/empatia-o-que-e-e-como-desenvolver-para-melhorar-suas-relacoes.htm?cmpid=copiaecola

 

Essa pandemia (2020/2022) fez-me lembrar de que ter empatia e ser empático são coisas completamente diferentes. No básico ter empatia é se colocar no lugar da outra pessoa. Isso na pandemia foi assunto de diversas mídias e bate papos entre pessoas na sociedade. Contudo essa não é uma palavra nova e ter esse tipo de atitude deveria ser um padrão social, mas não é ou talvez nunca foi.


Lembro-me bem de um ocorrido enquanto eu estava como preceptor de enfermagem de uma turma de graduação em um Hospital de grande porte aqui da Cidade do Recife/PE., onde me deparei com situações no mínimo aterrorizantes. Isso aconteceu há mais de 10 anos, estávamos começando o estágio no setor de Tisiologia com pacientes bastantes crônicos e já era regra lavar bem as mãos (sempre), manter distanciamento seguro paciente/profissional de saúde, usar máscara apropriada para o setor. Para quem não sabe o que um setor de Tisiologia: “parte da medicina que estuda a tuberculose.” Como todo bom Ser Humano o medo faz parte para poder enfrentar certos desafios e os alunos mesmo temerosos encararam com êxito o setor acima citado. Era uma ala dividida em setor feminino e setor masculino com duas enfermarias e resolvemos no primeiro dia ficar no setor masculino. Começamos as visitas de enfermagem com estudos dos prontuários, depois seguimos para exames físicos e durante esses procedimentos vimos passar uma jovem bonita, aparentemente saudável, de um corpo bem definido que chamou a atenção de todos os alunos de enfermagem que eu estava acompanhando. Uma das alunas chegou a perguntar: “Professor, o que essa jovem faz aqui nesse setor e sem máscara? Ela não parece estar doente, mas pode ficar, não é?” Respondi de forma afirmativa e uma das técnicas de enfermagem ao ouvir a conversa foi chegando junto e dizendo: “Que vê cara não vê coração professor” “essa jovem de quem vocês estão falando pode ser bonita, ter um corpo de chamar a atenção, mas é portadora da bactéria que causa a tuberculose e ela também é portadora do vírus do HIV/Aids. O pior é que ela diz em alto e bom som que não vai morrer só e vive fazendo sexo com todos os homens”.


Essa narrativa me deixou perplexo e depois de mostrar minha indignação sobre o assunto perguntei como poderiam fazer sexo em um hospital e ainda por cima doentes? A técnica de enfermagem informou algo muito mais grave, que a noite como é um hospital público e fica muito escuro e sem segurança “alguns” pacientes chegam a fazer o que querem, do sexo, ingerir bebidas alcoólicas até consumir maconha. Como disse acima isso aconteceu há muito tempo e nos dias atuais fiquei sabendo que a vigilância é mais rigorosa durante às 24 horas o que dá mais segurança tanto para os pacientes como para os profissionais de saúde que trabalham principalmente no turno da noite.


Então, é de espantar que a falta de “empatia” não é de hoje? Não, até porque escutamos no dias atuais frases como: “Eu estou doente com COVID19 e daí? Vou continuar minha vida normal”, “Todo mundo vai morrer um dia”, entre outras...


A verdade é que precisamos ter uma educação básica familiar para poder viver bem em comunidade. Como diz bem um ditado antigo: “Costume de casa vai a praça”. Cuidar é uma arte e consegue trazer para nós profissionais de saúde satisfação e alegria toda vez que um paciente recebe alta e segue sua vida com a saúde controlada. Ter cuidado, isso requer uma atenção sempre e contínua porque não sabemos o que iremos encontrar nas esquinas do mundo. Lembrando também que nem todo rostinho bonito é um bom sinal de boa saúde como relatamos o episódio passado no hospital público. Ser empático exige muita atenção em querer ajudar, ter postura empática, criar vínculo que fortaleçam a inteligência de uma relação segura para ambas as partes.


Ninguém vive só e sempre haverá um Ser Superior para julgar todos nós...


 

Fernando Matos

Enfermeiro e Poeta Pernambucano

(Direitos Reservados ao Autor da Obra)

Foto: Google Imagens