Os Escolhidos
Nunca
saberemos o acorde final de uma música... Assim também é a nossa vida, tão
unicamente imprevisível que no final resta-nos apenas agradecer para continuar
a existir. Minha história na enfermagem começou de uma forma estranha aos olhos
humanos. Após uma separação do primeiro casamento e acompanhada de uma demissão
no banco, isso mesmo, já fui bancário. Fui à busca de novos horizontes e nada
aparecia e voltando para casa dos meus pais isso me frustrava constantemente
mesmo sabendo que teria a grata ajuda dos meus genitores. O Guerreiro perde o
braço, mas nunca deixa cair sua espada... Certo dia ao acordar e agradecer a
Deus pela noite de descanso escutei claramente uma voz dizendo-me: “Você vai
ser enfermeiro” e fiquei assustado logicamente e perguntei : Como assim? A voz
repetiu a mesma frase e nada mais perguntei... Tomei meu desjejum, coloquei a
mochila nas costas e avisei que voltaria logo. Seguindo sem rumo e sem destino
acabei por passar pela Rua Riachuelo e observei uma placa: “Técnico em
Enfermagem”, parei por um segundo e me decidi a entrar para efetuar minha
inscrição. Uma mulher me atendeu e depois fiquei sabendo que era a fiscal do
conselho de classe da região. Ela me perguntou por que o meu desejo de fazer
enfermagem uma vez que eu era formado em Relações Públicas e amante das artes.
Então a respondi que era um desejo muito pessoal, fiz minha inscrição e durante
todo o processo de ensino todos faziam a mesma pergunta: Por quê? Eu fazia um
leve sorriso e respondia a mesma coisa: Um Desejo Pessoal. Passando pelas aulas
teóricas fui encaminhado para os estágios práticos, onde ninguém faz ideia de
como é uma rotina hospitalar. Determinado ouvia tudo e todos, um abusivo
observador e sempre despertando curiosidades nas pessoas por ter mudado meu
destino. Naquela época havia estágio voluntario nos hospitais públicos de
Pernambuco e inscrevi-me para fazer meu estágio na UTI, só faltaram me internar
(risos). Foi o melhor lugar para se apreender toda uma rotina no servir,
inclusive como se sair de algumas “saias justas”. Chegou o dia da minha
formatura como Técnico em Enfermagem e escolhi meu pai Clélio Santos de Matos para
ser meu padrinho. Antes mesmo de terminar o estágio voluntário onde fui muito
bem observado, conheci um jovem que também era técnico em enfermagem de lá e de
outro hospital: O Hospital Ana Neri. Fui apresentado nesse hospital e comecei a
trabalhar para minha alegria e de meus pais. Eu estava concretizando a Vontade
Divina? Não... Apenas tinha dado os primeiros passos de uma longa jornada. Não
foi um nem dois pacientes que faziam questão de elogiar meu trabalho e
questionavam por que eu ainda não havia feito o curso superior de enfermagem?
Eu respondia que não havia mais idade para tanto estudo, outro grande engano
meu. No ano de 2005 surgiu aqui em Recife/PE o primeiro curso de enfermagem na
Faculdade Maurício de Nassau e minha genitora aconselhou-me a fazer... E fiz.
Passei e não acreditava de ter passado, novos desafios e com mais suor, sangue
suor e lágrimas... Mas quem disse que seria fácil?
Durante
os oito períodos muita coisa aconteceu comigo e com pessoas da minha turma. Motivos
não faltaram para desistir no meio do caminho, no entanto um sempre ajudou ao
outro nessa caminhada árdua e valeu à pena. Chegamos ao final e eu sempre fui
esquivo dessas coisas de baile de formatura, então não participei. Deixei meus
pais tristes, mas após uma conversa eles entenderam meus questionamentos, será?(risos).
Todavia não era o único que pensava desse jeito e nos juntamos para fazer o
juramento de Enfermagem em separado da turma e no dia desse acontecimento quem
fez esse juramento? Sim, fui eu. Ali sim eu estava concretizando uma Vontade
Divina que lá atrás me falou logo no despertar: “Você vai ser Enfermeiro”. Hoje
sigo sendo enfermeiro atuando como preceptor da instituição que me formou e de
algumas escolas técnicas que tive a honra de passar. Atuou ainda como
enfermeiro visitador orientando os pacientes na administração de medicamentos
imunobiológicos. Sem esquecer que em 2015 me tornei Membro Fundador da Academia
Internacional de Poetas e Escritores de Enfermagem – Academia IPÊ. A estrada
ainda é longa e com os meus pés descalços vou deixando minhas pegadas na areia
da vida.
Fernando
Matos
Poeta
e Enfermeiro Pernambucano
http://contosdaenfermagem.blogspot.com.br/
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