domingo, 11 de fevereiro de 2018

Os Escolhidos


Os Escolhidos

Nunca saberemos o acorde final de uma música... Assim também é a nossa vida, tão unicamente imprevisível que no final resta-nos apenas agradecer para continuar a existir. Minha história na enfermagem começou de uma forma estranha aos olhos humanos. Após uma separação do primeiro casamento e acompanhada de uma demissão no banco, isso mesmo, já fui bancário. Fui à busca de novos horizontes e nada aparecia e voltando para casa dos meus pais isso me frustrava constantemente mesmo sabendo que teria a grata ajuda dos meus genitores. O Guerreiro perde o braço, mas nunca deixa cair sua espada... Certo dia ao acordar e agradecer a Deus pela noite de descanso escutei claramente uma voz dizendo-me: “Você vai ser enfermeiro” e fiquei assustado logicamente e perguntei : Como assim? A voz repetiu a mesma frase e nada mais perguntei... Tomei meu desjejum, coloquei a mochila nas costas e avisei que voltaria logo. Seguindo sem rumo e sem destino acabei por passar pela Rua Riachuelo e observei uma placa: “Técnico em Enfermagem”, parei por um segundo e me decidi a entrar para efetuar minha inscrição. Uma mulher me atendeu e depois fiquei sabendo que era a fiscal do conselho de classe da região. Ela me perguntou por que o meu desejo de fazer enfermagem uma vez que eu era formado em Relações Públicas e amante das artes. Então a respondi que era um desejo muito pessoal, fiz minha inscrição e durante todo o processo de ensino todos faziam a mesma pergunta: Por quê? Eu fazia um leve sorriso e respondia a mesma coisa: Um Desejo Pessoal. Passando pelas aulas teóricas fui encaminhado para os estágios práticos, onde ninguém faz ideia de como é uma rotina hospitalar. Determinado ouvia tudo e todos, um abusivo observador e sempre despertando curiosidades nas pessoas por ter mudado meu destino. Naquela época havia estágio voluntario nos hospitais públicos de Pernambuco e inscrevi-me para fazer meu estágio na UTI, só faltaram me internar (risos). Foi o melhor lugar para se apreender toda uma rotina no servir, inclusive como se sair de algumas “saias justas”. Chegou o dia da minha formatura como Técnico em Enfermagem e escolhi meu pai Clélio Santos de Matos para ser meu padrinho. Antes mesmo de terminar o estágio voluntário onde fui muito bem observado, conheci um jovem que também era técnico em enfermagem de lá e de outro hospital: O Hospital Ana Neri. Fui apresentado nesse hospital e comecei a trabalhar para minha alegria e de meus pais. Eu estava concretizando a Vontade Divina? Não... Apenas tinha dado os primeiros passos de uma longa jornada. Não foi um nem dois pacientes que faziam questão de elogiar meu trabalho e questionavam por que eu ainda não havia feito o curso superior de enfermagem? Eu respondia que não havia mais idade para tanto estudo, outro grande engano meu. No ano de 2005 surgiu aqui em Recife/PE o primeiro curso de enfermagem na Faculdade Maurício de Nassau e minha genitora aconselhou-me a fazer... E fiz. Passei e não acreditava de ter passado, novos desafios e com mais suor, sangue suor e lágrimas... Mas quem disse que seria fácil?

Durante os oito períodos muita coisa aconteceu comigo e com pessoas da minha turma. Motivos não faltaram para desistir no meio do caminho, no entanto um sempre ajudou ao outro nessa caminhada árdua e valeu à pena. Chegamos ao final e eu sempre fui esquivo dessas coisas de baile de formatura, então não participei. Deixei meus pais tristes, mas após uma conversa eles entenderam meus questionamentos, será?(risos). Todavia não era o único que pensava desse jeito e nos juntamos para fazer o juramento de Enfermagem em separado da turma e no dia desse acontecimento quem fez esse juramento? Sim, fui eu. Ali sim eu estava concretizando uma Vontade Divina que lá atrás me falou logo no despertar: “Você vai ser Enfermeiro”. Hoje sigo sendo enfermeiro atuando como preceptor da instituição que me formou e de algumas escolas técnicas que tive a honra de passar. Atuou ainda como enfermeiro visitador orientando os pacientes na administração de medicamentos imunobiológicos. Sem esquecer que em 2015 me tornei Membro Fundador da Academia Internacional de Poetas e Escritores de Enfermagem – Academia IPÊ. A estrada ainda é longa e com os meus pés descalços vou deixando minhas pegadas na areia da vida.

Fernando Matos
Poeta e Enfermeiro Pernambucano
http://contosdaenfermagem.blogspot.com.br/




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